O amor é uma dor
Há muito tempo atrás, em algum lugar do Acre, eu tinha esse namorado. A gente teve um fim de namoro desses estranhos em que uma parte conhece outra pessoa, sem dar nenhuma pinta, e diz que quer terminar porque a parte corna é legal demais pra ele. "Eu sei que todo mundo fala isso, mas realmente, não é você, sou eu". Senta lá Claudia. Só que eu estava tão apaixonada (pelo que eu não podia ter) por esse cara que eu tinha certeza que se eu ficasse por ali por perto, recebendo qualquer migalha que ele jogasse pra mim, sem reclamar, ele ia me achar atraente novamente, chorar e sair correndo em minha direção gritando que me amava. Bom, não demorou muito para ele encher o saco e desaparecer sem dizer tchau. Ele e a gata que ele estava pegando pelas minhas costas há tempos.
Aí você acha que depois que alguém te abandona pra ficar com outra pessoa, você se toca que acabou, porque acabou. Eu não. Eu vesti o moletom dele pra ficar lembrando daquele perfume. Eu tinha uma certeza doente de que ele ia voltar para mim. E como eu ia fazer isso acontecer? Ligando para ele de madrugada em prantos implorando por perdão. Claro! O jeito mais sexy e mais eficiente de trazer de volta a pessoa amada. Arrastando o coração e a dignidade pela Medina por alguém que não somente não me amava mais mas agora também sentia pena de mim e me evitava. Sim colega, eu também já fui a parte que ama mais e insisti em ficar com alguém incapaz de me dar o que eu precisava num relacionamento.
Eu perdi meu apetite, meu sono, me segurei nos amigos, li um milhão de livros sobre o que os homens querem. Até que uma noite, eu resolvi que tudo o que ele precisava era me ver pra mudar aquele pensamento de que eu não era a pessoa certa para ele. Aqui que a história fica boa. Coloquei a cara mais triste que eu tinha e fui lá, bati na porta dele. (Pelo amor de Jesus, nininha! Volte pra casa!) Na época ele morava com um amigo, e o tal do amigo me abre a porta. Super querido, ele bateu um papo rápido comigo mas ficou plantado na porta, nem me convidou a entrar. Depois que ele me disse que fulano não estava, eu desengasguei e soltei um "que horas ele volta?". Mas ao invés de me responder, ele me fez uma outra pergunta mais maravilhosa. "Você tem certeza de que quer saber quando ele volta?".
Foi depois daquele tapa na cara com luva de pelica que eu entendi. Não, se ele quisesse que eu soubesse onde ele estava, eu saberia. A pessoa que não responde suas mensagens há dias, viu todas as mensagens. Aparecer na casa dele pra ter certeza que ele não respondeu sua mensagem porque morreu não é uma boa ideia. Então eu respondi que não. Obrigada. E voltei pra casa colocando aquele pingo de dignidade no meu copinho.
A partir daí doía feito costela quebrada, por fora parecia que tava tudo certo, mas machucava a cada respiro. Durou para sempre aquele desconforto passar, mas passou. No outro dia, e no outro, e no outro, eu ouvia aquela vozinha... "tem certeza de que quer saber quando ele volta?". A voz, minha assistente pessoal para assuntos de coração com buraquinhos. E foi por isso que eu sentei aqui pra te contar essa história, porque eu já estive onde você está. Terminar namoro é uma fase muito porcaria mas não é o fim do mundo. Hoje minha vida é certamente melhor do que a que eu sonhei e planejei para mim naquela época. A dor é temporária, e se você fizer as coisas direitinho, pode mudar sua vida para melhor. Miga, não tem açúcar no mundo que conserte limonada feita com limão estragado. Essa a gente joga fora. Vamos tentar fazer outra?
Me lembrou uma das minhas músicas favoritas do Incubus que diz: "Love hurts but sometimes it's a good hurt and it feels like I'm alive".
ResponderExcluirNão tem açúcar meeeesmo!!!!
ResponderExcluirTexto maravilhoso. Até eu que não me encontro em fim de namoro, que nem lembro mais o que é isso (hahaha), fiquei pensando sobre ... Ainda bem que a dor é temporária e que a vida tem mais a oferecer do que a gente imagina.