Caminho das Índias
Vivenciei alguns processos depressivos em minha família e, apesar de não ser nenhuma expert no assunto, nunca me agradou o processo de dependência que estes tratamentos provocavam, sejam por substancias químicas ou pelas próprias sessões de terapia. A impressão que tinha era que as pessoas perdiam um pouco de si mesmas nessa busca interminável e acabavam presas a um rótulo de fragilidade que as colocavam em uma situação de eterna vulnerabilidade. Acho que por isso sempre fui um pouco cética em relação a tratamentos psiquiátricos, terapias e afins.
Até o dia em que me deparei com uma prima em uma crise convulsiva durante um processo de depressão. Os médicos disseram que ela não tinha nenhum problema fisiológico e que não havia nada que eles pudessem fazer. Foi então que uma amiga me sugeriu levá-la para uma sessão de uma espécie de tratamento alternativo através da respiração. O médico/terapeuta era o avó da minha amiga, um senhor de mais de oitenta anos, que impressiona pela sua espiritualidade, vigor físico e jovialidade. Ele exerceu por muitos anos a psiquiatria tradicional até conhecer e decidir estudar a concepção budistas para a medicina, morou algum tempo na Índia para aprender a aplicar mecanismos de respiração na busca pela cura do corpo e da mente.
A primeira sessão da minha prima durou cerca de cinco horas e quase não acreditei quando ela saiu do consultório sorrindo abraçada com o médico. Lembro que quando chegamos em casa ela me disse: "ele é um anjo, não é desse mundo." Fiquei curiosa para entender um pouco sobre o tratamento e a enchi de perguntas, quando ela me disse algo sobre ficar em uma espécie de transe suspeitei que se tratasse de algo ligado à hipinose e à regressão. Não era. Decidi alguns anos depois me permitir fazer o mesmo tratamento, pois estava tendo crises de TPM que estavam interferindo de forma muito negativa em meu dia-a-dia.
Descobri que a terapia consiste em simplesmente utilizar mecanismos de respiração que interferem em seus três níveis: o psicológico, o fisiológico e o espiritual. O "transe", antes relatado por minha prima, nada mais era do que um profundo relaxamento muscular e dos órgãos internos que proporcionam uma melhor consciência mental. A respiração curadora como terapia me ensinou a criar uma consciência de mim mesma e a utilizar a respiração como mecanismo para atacar as minhas fragilidades.
Dominar o corpo e a mente, esse é o maior desafio do ser humano. Acredito cada vez mais que frustrações que vivemos nos levam para onde querem quando não estamos no controle de nós mesmos. A longo prazo, a prática dos exercícios promete inúmeros benefícios: os sistemas pulmonar e cardiovascular se tornam mais fortes e saudáveis, o vigor e a resistência física aumentam, a digestão melhora, a capacidade de concentração mental e a memória são aprimoradas, entre outros benefícios. Mas, acima de tudo, ganhamos consciência da nossa natureza espiritual, quando permitimos que a prática respiratória também nos leve ao encontro de Deus.
Obs. A pessoa que fez essa limonada pediu que não fosse identificada. E tudo bem, ne? Ta delicia igual.
Precisando de um tratamento desses!!
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