Thai em "minha primeira 1/2 maratona" parte 2
Depois da milha 4, 6km, o que foi me levando em frente foi a minha imaginação. Aí eu me afastei um pouco do meu grupo, já não funcionava pra mim ficar de bate papo. Fui me misturando com outras pessoas. Passamos por uns vilarejos, umas fazendas, umas vinícolas. Era gente acenando, segurando cartazes, apoiando os corredores. Eu olhava pra eles e fazia de conta que ali no meio tinha alguém de quem eu gosto muito. Depois continuava a correr imaginando a próxima pessoa que eu gostaria que estivesse na minha torcida.
Entre a milha 8 e a milha 10, 16km, eu comecei a ficar bem mau humorada. Me aproximei da minha galera, comecei a pegar água em todas as estações, até parei para fazer xixi. Um dos integrantes do meu grupo é um corredor bem experiente e percebeu minha fadiga. Cada vez que ele olhava pra mim e tentava me incentivar, eu ficava com raiva. Ele dizia que eu estava indo bem e eu pensava: Tá atrasando todo mundo, tartaruga! Ele já fez isso mil vezes e melhor, querida! Você é a café com leite da turma, nininha!
A real competição estava bem ali... eu, eu mesma e Irene. Mas nos arrastamos juntas até a linha final! E deu certo! Depois que a corrida terminou me explicaram que a auto sabotagem que eu senti era muito comum, exatamente perto das 10 milhas que era a distância máxima que eu já tinha corrido antes dessa prova. Meu corpo estava entrando em território desconhecido e a minha mente agiu contra mim. Hoje eu sei que vai rolar uma segunda meia maratona em minha vida. Não para ser mais rápida ou correr mais longe, mas pelo desejo de controlar o poder que os meus pensamentos tem sobre mim. Eu quero sentir a dor, enxergar a dificuldade, e lidar com aquela explosão de sentimentos sem mau humor. Quero correr 21km sorrindo! Tá bom esse objetivo?
Eu tive muita sorte de ter ido até o Oregon com o apoio do meu time, gente que poderia ter corrido mais rápido que eu, mais longe, e decidiu correr comigo. Cruzar a linha de chegada é massa... ouvir meu nome e o nome do meu país, o sorriso de pessoas desconhecidas, a medalha. Mas quando a adrenalina baixa, a perna treme... poder olhar para as pessoas que estiveram comigo no caminho, sabendo que eles entendiam o que eu não tinha fôlego para falar, é algo que eu nunca vou esquecer. Nem minhas pernas.
Pernas pra que te quero! :)
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